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domingo, fevereiro 17, 2008

Douro, o meu rio



Legendas: A)a Quinta B)O lugar onde minhas tias lavavam a roupa, hoje tomado pelo Douro C)neste lugar mais ou menos, havia uma pequena ilha



O primeiro contacto com o Douro foi em criança, quando o Douro era também uma criança. Os meus avós eram feitores numa quinta, bem á beira do rio e eu fiquei lá com eles, cedo me tornei um amigo do rio. Naquela altura, era um rio diferente do que é hoje, na verdade ambos crescemos e nos tornamos adultos. Apesar de viver agora mais afastado do rio, tenho memórias maravilhosas do Douro, quer visuais, tácteis ou olfactivas. O rio que me viu crescer, era forte e de águas claras. Não quer dizer que fosse menos poluído, mas era mais cristalino e selvagem! Pelo menos é a imagem que guardo dele nas minhas memórias de infância. Lembro-me das manhãs de nevoeiro em tons de fantasia, dos dias de sol cantados pelas aves e dos momentos com mais impacto, como as cheias que assustavam a minha avó e das lendas, daquelas grandes cheias em que o rio tinha chegado ao telhado das casas. Eu ficava fascinado e lá no fundo, queria que o rio chegasse mais perto. Se a minha avó soubesse... Depois vinham as vindimas, os odores eram mais fortes, que nos deixava embriagados os sentidos. Ainda hoje o cheiro do vinho me trás uma espécie de prazer e saudade, apesar de não gostar desse néctar dos deuses... Recordo as tardes que passei com o meu avô no alambique e dos lugares que hoje o rio cobre, onde as minhas tias costumavam lavar a roupa, o Douro também deixa magoas... recordo sobre tudo as horas que passava a olhar o rio, a cheira-lo, a escutar os seus movimentos por entre as rochas. O rio cresceu e eu também, seguimos caminhos diferentes. As vezes, pergunto-me se o rio terá saudade? Quando chove e a terra fica molhada, sinto o odor do Douro, acho que é ele que me vem visitar...


Texto: José Araújo
Este texto é dedicado aos meus avós e à minha tia

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