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História

O nome de Ligares

Ligares é uma freguesia antiga, dado que nas Inquirições de 1258 e no Foral de Freixo de Espada à Cinta de 1 de Outubro de 1512 vem com a escrita de “ILGUARES”, passando a ter dois Jurados. Em 1236, quando é suprimido o concelho de Urros, passou a integrar o de Freixo. Em 1271 o escrivão da Câmara usou o termo “ILIGARDES” e em 1758 nas Memórias Paroquiais aparece a palavra “ILLEGARDES”.

Foi uma aldeia de apresentação de mitra. Em 1866 passou a ter escola primária que é referenciada depois em 1872. Pertenceu ao concelho de Torre de Moncorvo de 1896 a 1898, enquanto durou a supressão do de Freixo. No foral manuelino de Freixo, no “Prontuário das Terras de Portugal”, de 1689, e em vários livros paroquiais até finais do século XVIII, aparecem as formas “Ilgares”, “Iligares”, “Illegardes” e “Liguares”. Francisco Martins Sarmento diz na sua “Ora Marítima”, de 1896, que Ligares é nome ligúrico, acrescentando que esta parte da província transmontana, ou imediações, foi habitada pelos ligures, que deverão ter estado nesta freguesia. Pedro Augusto Ferreira diz que Ligares é metátese de ligares*, por algares, fojos, barrancos, covas e ravinas. Acrescenta que vem do latim “ilicares”, corrupção de “iliceta”.
Lições de filologia portuguesa Por José Leite Vasconcellos, José Leite de Vasconcellos Pereira de Mello, Serafim da Silva Neto

*LIGURES: No noroeste da Itália viviam gentes da Cultura Golasecca conhecidas genericamente comolígures, uma denominação da época histórica usada para rotular os povos encontrados no Piemonte até o século XIII a.C. e que guardavam uma notável uniformidade cultural em todo o vale alpino do Piemonte e Ligúria. Essa comunidade foi depois denominada de Lígures Comati ou Capillari.

Informação de Ligares em 1758


Nos primeiros tempos da Nacionalidade a povoação de Ligares foi integrada no concelho de Urros, onde se manteve até à sua extinção em 1236, passando então para o de Freixo. Veio a ser uma abadia da apresentação da mitra e pertenceu ao concelho de Torre de Moncorvo durante o tempo que durou a supressão do de Freixo. Foram donatários desta terra os Condes de Sampaio*, a quem a freguesia de Ligares, em 1758, pagava 440 alqueires de cevada e 220 reais. Nesse ano, a povoação era de cerca de 700 habitantes que residiam em 220 fogos.


*Nota: Condes de Sampaio: LUSIGNANO, António de Sampaio Melo e Castro Moniz Torres de
foi o primeiro conde de Sampaio, 14.° senhor de Vila Flor, Alcaide mor da Torre de Moncorvo e de Miranda do Douro, fronteiro mor de Freixo de Espada à Cinta, conselheiro de Guerra, governador das armas de Trás os Montes e governador da Torre de Sutão. Sucedeu a seu pai nos senhorios e na casa a 13 de Julho de 1746. tendo falecido em 26 de Novembro de 1803, conforme se pode ler na Resenha das famílias Titulares do Reino de Portugal, Lisboa, 1838, p.203.


Pequenos tesouros/Quadrúpede de granito


Em 1935 foi aqui descoberto um quadrúpede de granito, valioso exemplar de escultura proto-histórica, ou mesmo anterior. Dizia o abade de Baçal que “falta-lhe a cabeça, mas a julgar pelo rabo, terminado em maçaroca ou estriga, coisa que o dos porcos não forma, lançado de um para outro lado do lombo, gesto também impossível ao suíno, entendo que se trata de um touro como o de Malhadas”. O achado foi imediatamente comunicado ao Museu de Bragança que logo o recolheu, depois de posto à sua disposição por Artur de Almeida Guerra, o autor da descoberta. Esta será assim a prova da antiguidade do povoamento do território actual da freguesia, que, mais tarde, haveria de ter continuidade por parte dos romanos. Foi nessa época que se fundaram as “villae”, os núcleos originais de alguns destes aglomerados populacionais. Vestígios arqueológicos foram encontrados alguns, tais como cerâmica romana, granitos e escória.


Linguagem popular de Ligares.

Revista Lusitana/Volume IV
Antiga Casa Bertrand, 1896
Padre José Augusto Tavares

Fonte: Biblioteca Digital Camões



Paróquia
Paróquia de Ligares/1799-1904

Paróquia de Ligares pertenceu ao arcebispado de Braga até ao ano de 1882, a partir desta data passou para a Diocese de Bragança. Os beneficiados da Colegiada de Freixo de Espada à Cinta apresentavam o vigário. O orago da freguesia é São João Baptista. As localidades anexas são: São Tiago


Tradições





Observações: Nas muitas pesquisas que fiz na Internet sobre Ligares, encontrei este excerto de um livro, onde fala de uma tradição muito curiosa: “em iligares, Moncorvo, atiram um S. Tiago ao rio no meio de festas”. No princípio duvidei ser Ligares, tal é estranha a tradição… é que Ligares ainda fica longe do Douro, seria outro rio ou uma ribeira? Em certos excertos fala-se do rio da Quinta de São Tiago, hoje é ribeira... Como se pode ler aqui

Em 1706 a aldeia chamava-se “iligares” as casas podiam estar separadas e haver algumas perto do rio, que podia ser o Douro ou haveria uma romaria até lá? O santo para baixo levasse bem, só que para cima é muito puxado e por isso, podiam atirar o santo ao rio... pode parecer humorístico, só que a verdade, é que seria muito esforço levar o santo até lá e trazer o santo de volta, muito mais. Porque é sempre a subir e muito! Podia ser levado num carro de bois?... Infelizmente não dou acesso total ao livro, só pude ler este bocadinho. É de certeza uma tradição muito antiga, perdida no tempo, pois nunca tinha ouvido falar dela. Vou continuar a pesquisar, talvez encontre mais sobre este bocadinho de Ligares


Mais um bocadinho de Ligares



Fonte:(Google Book) Sociedade de Geographia de Lisboa/1965

Observação: Encontro sempre estes bocadinhos sobre a minha aldeia. Nunca tinha ouvido a expressão "tocar pelas almas" e a quem perguntei também não! Mais uma vez, lamento não ter podido ler mais... talvez um dia volte a falar disto.

Texto de José Araújo


Figuras ilustres


Ligares foi berço de algumas figuras ilustres, de entre as quais ressaltam nomes como os de D. António Maria Teixeira e do Pe. António Geraldes. O primeiro nasceu a 11 de Maio de 1875, vindo a tornar-se bispo de Meliapor, uma antiga fortaleza e porto comercial português, localizado na actual província indiana de Madrasta. Meliapor era conhecida dos portugueses por cidade de S. Tomé, porque ali teriam encontrado relíquias do Apóstolo. No local da primeira igreja portuguesa (1534), foi edificada, em 1896, a catedral onde, em frente do altar--mor, foi D. António sepultado

D. António Maria Teixeira

Castelo de Alva

A primeira vez que li sobre o castelo de alva, foi num livro sobre Portugal e estava ligado ao termo de Poiares. Perguntei se sabiam algo sobre esse castelo e a resposta foi sempre negativa, mais tarde, numa curta pesquisa que fiz apareceu ligado ao termo de Ligares. Com tanto mistério, resolvi fazer uma grande pesquisa e descobri que o castelo de alva, pertencia a uma antiga vila de alva, essa vila assistiu a uma forte ocupação medieval, especialmente no decorrer da invasão leonesa, na primeira metade do século XIII, até que D. Sancho II (1209-1248) doou Alva a Freixo-de-Espada-à-Cinta, expulsando os habitantes que nela residiam durante a conquista leonesa, alguns dos seus habitantes parece terem ficado em Urros. Provavelmente nessa altura a vila foi deixada ao abandono. São abundante em vestígios arqueológicos, o território correspondente, na actualidade, à freguesia de Poiares, entre as Serras do Marão e de Avões. Castelo de Alva é o que resta de uma fortificação medieval de provável origem castreja, com uma planta sensivelmente ovalada


Nota: No rio Douro tinha uma barca de alva que atravessava as pessoas de uma marge á outra,como podem ver na imagem (num mapa de 1762. Virá dai no nome de Barca d´alva?


Corografia portugueza, e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal

Bibliografia: IPPAR,Cartografía histórica portuguesa: Catálogo de manuscritos, siglos XVII-XVIII Por Real Academia de la Historia,Corografia portugueza, e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal Por Antonio Carvalho da Costa, Valentim

Douro 1762

Mapa de 1762 da zona do Douro, onde hoje fica Barca D´Alva. Podesse ver o caminho para Ligares e o lugar onde estava a barca de alva, para passar as pessoas para a outra margem. Chamada assim, por pertencer a uma antiga vila: a vila de alva. Talvez venha dai o nome de Barca D´Alva.



Imagem: Catálogo de manuscritos, siglos XVII-XVIII Por Real Academia de la Historia

Mapa de 1762


 Neste mapa de 1762 desenhado pelos espanhóis para uma invasão, pode-se ver nele Ligares, apesar de se ver mal.


Imagem: Catálogo de manuscritos, siglos XVII-XVIII Por Real Academia de la Historia